O tempo, em sua dança invisível,
Não verte sons, nem gritos, nem clamor.
Apenas flui, em ritmo impassível,
Deixando rastros de passado e cor.
Nas rugas que na face vão surgindo,
Nos álbuns velhos, pálidos e seus,
O tempo calmo vai nos remindo
Que a cada instante, algo se perdeu.
As árvores, em seu crescimento lento,
As pedras musgosas, sob o céu azul,
Guardam segredos de um instante isento
De qualquer eco, de qualquer momento.
O sol que nasce e morre no horizonte,
A lua branca em seu eterno vai e vem,
São versos mudos de uma história fronteiriça,
Um poema eterno que a alma contém.
E nós, imersos nessa correnteza,
Sentimos o silêncio a nos guiar,
Aprendendo a escutar sua beleza,
No eterno agora do respirar.
Amarilis Pazini Aires
26/04/2925